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Publicado em 15/04/2024

“Tapete Vermelho” para superação

Cerimônia das Casas Terapêuticas marca grandes vitórias contra a dependência química

Ao ser perguntado sobre a emoção de passar pelo “tapete vermelho”, um rápido silêncio. O olhar desvia para baixo, junto com um sorriso tímido, lábios trêmulos, e logo veem as lágrimas. Com a voz embargada, ele diz: “A felicidade é muito grande”.

William Castro, 35 anos, tem muitos motivos para comemorar. Uma vitória difícil. Acolhido pelo novo programa do Governo de SP, as Casas Terapêuticas, hoje ele está livre da dependência química, trabalha e estuda. Mas antes destas conquistas, viveu mais de uma década aprisionado pela cocaína, lança-perfume e outras substâncias psicoativas.

“Vi muita gente morrendo de overdose, outras sendo presas. Eu não queria saber de mais nada. Usava droga dia inteiro. Batia o cansaço, mas só entrava em casa quando minha mãe deixava, senão dormia na rua. Perdi o controle totalmente”, relembra.

Depois de ser internado em um hospital, William chegou na Casa Terapêutica, localizada na Vila Mariana, na capital, em janeiro de 2023, assim que o equipamento foi inaugurado pela nova gestão. Foi uma transformação imensa. “Eu não imaginava que existia um local como esse. O Governo de SP me deu tudo o que tenho hoje. Me ofereceu estudo, trabalho, curso profissionalizante”, emociona-se.

O sonho dele era andar de cabeça erguida pelo Tapete Vermelho, cerimônia que marca a conquista da autonomia dos acolhidos pelo novo serviço. Eles caminham por um tapete vermelho dentro de uma das unidades, são aplaudidos e presenteados. Agora, William comemora a conquista sem esquecer dos planos para o futuro. “Eu fui uma inspiração para minha mãe. Ela largou o alcoolismo quando viu minha reabilitação. Hoje, minha rotina é cansativa e gratificante. Trabalho o dia inteiro, e à noite vou para a escola. Estou realizando um sonho antigo que é construir minha casinha e, se Deus quiser, em breve estará pronta”, conta com enorme felicidade.

 

Do HUB às Casas Terapêuticas

Rogério Santos, 55 anos, é mais um vitorioso que passou pelo tapete vermelho. Em junho de 2023, procurou o HUB De Cuidados em Crack e Outras Drogas, no centro da capital. Após receber os cuidados, foi encaminhado para a Casa Terapêutica, na capital.

Ele viveu nas ruas durante mais de 2 anos, na dependência do crack, maconha e álcool. “Passei por muitos perigos. É uma vida que não compensa. A rua não é lugar pra ninguém viver. Corria risco de dormir e não acordar, ser confundido com bandido. Não vale à pena”, explica.

Sete meses depois de ser acolhido na Casa Terapêutica, Rogério diz que não sente mais vontade nenhuma de usar drogas e se sente completamente livre do vício. A evolução para a última fase, de autonomia, foi mais rápida que o normal. Rogério foi cadastrado no Bolsa Família e também recebe um auxiliar para terminar os estudos. Com essa renda, alugou sua casa e ganhou motivação para as próximas conquistas. “Só tenho a agradecer o Governo de SP, desde o tratamento que recebi no Hub até a Casa Terapêutica. Todo acompanhamento dos psicólogos, assistentes sociais, terapeutas, não poderia ser melhor. Recebi tudo o que precisei pra sair dessa situação. Quero completar os estudos e montar minha própria loja em breve”, finaliza.

 

Programa Casas Terapêuticas

Uma das políticas públicas mais inovadoras do Governo de SP inaugurada em 2023 foi o Programa de Casas Terapêuticas. Voltado para dependentes químicos com longa vivência em cenas abertas de uso, o serviço trabalha duas vulnerabilidades: a situação e rua e a dependência química. Conta com 4 fases (Acolher, Transformar, Despertar e Caminhar), estruturadas em 03 unidades residenciais distintas, onde os acolhidos podem permanecer por até dois anos, mudando de fase de acordo com seu desenvolvimento.

Eles reaprendem comportamentos simples, mas fundamentais, como tomar banho diariamente, cuidar da casa, das roupas e objetos pessoais, entre outras formas de autocuidado. Passam por terapia individual e em grupo, realizam atividades socioeducativas e são estimulados a retomar os estudos e reingressar no mercado de trabalho.

O Governo de SP inaugurou quatro desses serviços em 2023: 01 unidade masculina na capital, 01 unidade masculina em Guarulhos, 01 unidade masculina em Osasco e 01 unidade feminina e LGBTQIA+ na capital. A capacidade é de 45 vagas rotativas por unidade.

 

Tapete Vermelho

Segundo a coordenadora da unidade da Vila Mariana, Shirley Benevides, o tapete vermelho simboliza a passagem para a última fase, a autonomia de vida. Eles saem já encaminhados para o mercado de trabalho, com uma reserva financeira e local de moradia. Mesmo caminhando sozinhos, eles são monitorados e continuam recebendo acompanhamento de toda equipe.

“Na primeira fase eles chegam muito ariscos, cheios de inseguranças. Na segunda fase, eles já começam a se capacitar, aumentar o nível de escolaridade. E na terceira fase, estão mais fortalecidos psicologicamente, inseridos no mercado de trabalho e preparados para administrar as próprias finanças. É uma recompensa muito grande testemunhar toda essa superação”, completa entusiasmada.

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