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Publicado em 23/11/2020

A valorização dos Quilombos como parte do nosso futuro

A valorização dos Quilombos como parte do nosso futuro

Da descoberta das terras brasileiras em 1500 até 1888, a escravidão era parte do sistema de trabalho do país. E os negros que conseguiam fugir de suas senzalaz se refugiavam com outros escravos fugidos em locais isolados no meio da mata. Estes locais eram conhecidos como Quilombos.

Lá, eles viviam de acordo com a cultura de suas terras natais, plantando e produzindo em comunidade. O Brasil chegou a ter centenas destas comunidades espalhadas na maioria das, na época, capitanias hereditárias.

Neste mês, em que se comemora a Consciência Negra, é fundamental lembrar da luta destas comunidades. Apesar da maioria dos Quilombos terem sido extintos desde o final da escravidão, alguns resistiram ao tempo e existem até hoje.

No Estado de São Paulo, existem 36 quilombos registrados pela Fundação Instituto de Terras, o ITESP. Eles estão distribuídos entre 14 cidades e mais de 1.400 famílias moram e convivem nestas comunidades.

Abobral Margem Esquerda

Uma destas muitas comunidades é a Abobral Margem Esquerda. Localizada em Eldorado, a 186 km de São Paulo, é composta por 38 famílias e ocupa uma área de 3.400 hectares, regularizada em 2014.

Após a abolição da escravidão, as famílias continuaram na área, às margens esquerda do rio Ribeira de Iguape. Hoje o Quilombo tem plantações de palmito pupunha, banana orgânica e a criação de galinhas

Representante da comunidade e professor, Noel Castelo, 51 anos, ressaltou a importância da comunidade manter a cultura viva simplesmente por estar unida, ainda mantendo o roçado feito de modo tradicional.

Orgânico por tradição

“Roçar é uma tradição que nunca foi deixada de lado por aqui. Sem o uso de nenhum tipo de agrotóxico nem outras substâncias químicas. Tudo é feito de forma natural e preservando a grande área de Mata Atlântica que nos rodeia”, comentou Noel.

Além deste hábito no trabalho, outras ainda são mantidas e louvadas, como as rezas, os velórios, as quermesses, as festas de famílias envoltas de muitas comidas típicas, xotes e rancheiras, que são danças muito celebradas.

Com a pandemia, o Quilombo parou todas as suas atividades. Inclusive com as tradicionais assembleias para discussão de questões da comunidade não aconteceram. Com esta atitude, ainda não foi registrado nenhum caso de coronavírus na comunidade.

“Eu tenho muito orgulho de representar o Quilombo Abobral Margem Esquerda. Orgulho pela nossa história e pelo nosso futuro. Precisamos, muito além da consciência negra, precisamos ter uma consciência brasileira, que valorize a história e que queira uma vida mais igual e justa para todos”, finaliza Noel.

Os Quilombos e o Desenvolvimento Social

A Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo – SEDS dá suporte às comunidades quilombolas com programas como o Renda Cidadã, que complementa a renda das famílias destas comunidades. Além disso, durante a pandemia, foram realizadas testagens em massa e em algumas comunidades por causa do coronavírus.

No Quilombo Cafundó, localizado em Salto de Pirapora, foi realizada a entrega de mais de 500 máscaras, álcool em gel e itens de higiene. Já no Quilombo Peropava, em Registro, foram ofertadas mais de 100 cestas básicas para a comunidade, além de 600 máscaras.

O compromisso da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo com as comunidades Quilombolas é muito importante por estas comunidades carregarem a tradição e cultura de povos que sofreram injustiças e hoje estão às margens da sociedade. O reconhecimento deles é a valorização da nossa história e do nosso futuro como população.

 

Imagens: ITESP

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